segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Diário 3

Bem, hoje foi um dia como tantos outros ... feio e duro.
Mas só escrevo para relatar um episódio que se deu por volta do almoço, mas aproveitando, escrevo mais umas coisinhas.

Ora bem, eu até acordei bem disposta, e realmente pensava que o dia me ia correr bem.
Pois tudo começou a ir abaixo a partir da primeira aula da manhã: Filosofia.

Recebemos os testes que tinhamos feito há 2 semanas ou assim. Eu estava à espera de um 16, no mínimo.
Adivinhem: tive 11,9!
Yeeeay, cada vez me decepciono mais!

Enfim, não era isso que me ia arruinar o dia, como é óbvio. Não sou uma rapariga assim tão dramática.

O tal acontecimento deu-se entre as 12:30 e as 13:20, hora de almoço.
Iamos ter teste de Geometria Descritiva às 13:30, por isso, e como se tem tornado habitual, estávamos cerca de 10 pessoas (só meninas :P) reunidas à volta de umas mesas no bar da escola.
Estávamos há um bom bocado a fazer os últimos debates sobre a matéria.

Entretanto, estávamos nós muito divertidas e às gargalhadas, quando aparecem 3 rapazes, um pouco afastados das mesas, do meu lado direito (eu estava mesmo a meio das mesas).
Eles baixaram-se um pouco para conseguir espreitar, e ficaram ali, estáticos, a olhar durante uns segundos.
Eu continuava a falar com uma amiga minha que estava exactamente na minha frente, quando ao virar a cara, reparei que eles ali estavam, a olhar para a minha zona com cara de parvos.
Ao início não me apercebi de qual a intenção deles, mas não tardou muito.

Depois de eu ter virado a cara 3 vezes, à 4ª vez que olhei para eles com cara de caso, a Jéssica (ver aqui, no final, quem é ela) - que estava de costas para eles - olhou para trás e viu-os, estranhando a cena.
Ficámos as duas (e entretanto umas mais que também se viraram para os sujeitos) a olhar, até que um se decidiu a abrir a boca:

- "É uma gaja ou é um gajo???", perguntou ele.

Feito isto, desataram a rir, e sairam dali a correr e às gargalhadas.
Foi muito, muito desagradável.
A Jéssica ficou a olhar para eles com ar de reprovação. Aliás, posso dizer que ela ficou mesmo com cara de quem lhes ia dar uma tareia.
A Ísis (ver aqui também, antes da Jéssica) estava atrás de mim, e tratou logo de me consolar.
As outras limitaram-se a ficar incomodadas com a situação.

Apesar de eu me ter sentido super desconfortável com aquela cena, e de me ter ido um pouco abaixo, tentei ver o lado positivo. Afinal, mesmo não tendo ainda iniciado o tratamento hormonal, já há alguém que me consiga ver como rapariga (-haha).
Foi também reconfortante ver como elas ficaram incomodadas com aquilo, e como tentaram aliviar-me um pouco. Foi bom ver que se preocuparam comigo, além de que me reforçou a ideia de que me aceitarão quando eu revelar o meu segredinho.


Bem, depois chegou o teste de Geometria.
Foi horrível, uma rasia!
Comecei a desconcetrar-me, começou tudo a vir-me à cabeça.
O tratamento, o meu corpo, aquela situação que se passará há minutos atrás, a minha casa, os meus pais, a próxima consulta, isto, aquilo.

Entretanto, já não sabia como resolver o exercício, passei à frente.
Não consegui lembrar-me daquilo que estudei relacionado com o e exercícios, passei à frente também.
Resolvi o (último) exercício, que valia... 5 valores.
Passei o resto do tempo a tentar lembrar-me, a tentar pôr a cabeça a funcionar.
Nada. Não adiantou nada!

Quem diria que uma aluna de 18 (com alguns 20s nos testes) no ano anterior iria agora, no final do período, ter menos de 10. É aliás, a primeira negativa de final de período, que tiro, e isso deixa-me muito nervosa e decepcionada.
Estou aterrorizada com a entrega do teste.
O professor intimida-nos muito, e quando ele nos olha directamente, dá medo, além de que quando faz os comentários individuais, nos coloca por terra, completamente.


Quero que terminem as aulas, quero poder aliviar deste stress.
Vou ter muita coisa para fazer nas férias, incluindo estudar Geometria para recuperar o meu brilho.
Só espero ter tempo (e dinheiro) para ir ao Porto e estar com a Biki, e com o Pedrocas...
Tenho tantas saudades dos meus amores :(

Está quase...

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Sou uma Rapariga Transexual, de 17 anos, numa luta pela sua identidade. Sou sensível, afectuosa, desprotegida, mas lutadora. A minha vida é feita de sonhos e esperanças, mas quero acreditar que um dia vou poder viver como qualquer outra pessoa. Quero acreditar que daqui por pouco tempo serei capaz de ME ser, por inteiro!

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