Oh não!, estou apaixonada!

Boa noite , boa noite! :D

Ora bem, eu já tinha tocado no assunto antes, mas vou aproveitar agora para esclarecer.
Durante toda a minha vidinha insignificante fui tendo paixões por certos rapazes que enchiam os meus olhos, no dia-a-dia.

Quando entrei para o 7º ano, para uma escola nova, apaixonei-me por um rapaz 3 anos mais velho, o David. Com ele foi diferente... não foi uma simples paixão, daquelas que nos arrebatem e acabam por ir embora. Não! Por ele eu senti outra coisa. Dizem que o amor se constrói, e eu acredito imensamente nisso, mas o que é certo é que o que eu sentia por ele era mais do que uma paixão, era um amor platónico.
Passaram-se 3 anos, fui para o 10º ano, numa escola nova, e ele foi para a Universidade, em Viseu.
Ele nunca soube que eu existia, mas eu também não tinha como fazer-me ver perante ele.
Volta e meia dou uma espreitadela no hi5 dele, mas mais nada do que isso.
Mesmo passados 2 anos da sua ausência perante os meus olhos, sei que que não consigo ficar indiferente.
Ainda sinto um carinho, uma vontade enorme de o proteger, de o acolher nos meus braços, coisa que jamais será possível.

Contudo o tempo passa, ele não faz mesmo parte da minha vida, e continuo a minha viagem como se ele nunca tivesse surgido.

Pensando eu estar livre para viver a minha vidinha sem sofrimentos amorosos, heis que se dá o inevitável: apaixonei-me! Sim, apaixonei-me!!!
Era o que mais me faltava. Não queria, juro. Preferia ficar quietinha no meu canto, sem problemas, sem confusões, e de bem com o meu coração. Mas não há nada a fazer.
Ele chama-se Pedro, é uns dias mais velho que eu, e é da minha turma.
Ele fez natação durante vários anos, abandonando-a este ano. A prática da natação deu-lhe um certo desenvolvimento corporal, o que lhe dá um ar mais velho, mais gato, o que a juntar à forma de ser dele, deixa as miúdas malucas ("miúdas" incluindo-me, mas pondo-me de parte, de certa forma).

Ele sempre foi um gozão. Não digo que a intenção dele fosse magoar as pessoas, humilhar, mas sim o ser engraçado e ter piada.
No ano passado, ele chegou a gozar comigo nas minhas costas, tal como fazia com mais umas quantas pessoas. Muitas vezes, conhecendo-me como sendo um rapaz, referia-se a mim como sendo uma "daquelas", no sentido de que me confundia de entre as raparigas da turma - pensando ele que estava a dizer alguma mentira (haha).

Não só ele, mas como vários elementos da turma, no geral os rapazes e algumas raparigas menos decentes, apontavam-me o dedo e falavam de mim como se não houvesse amanhã.
"O gay", "aquele que parece uma gaja", "aquela" ... enfim, se preconceito matasse, não haveria humanidade para contar a história. E pobres deles que nada sabem, e falam como se de tudo tivessem conhecimento.

Este ano é diferente. Eu estou diferente, eles estão diferentes.
Já não vivem ao meu redor, não se atrevem a dirigir-se a mim (a não ser 2 ou 3 gajos da turma que, definitivamente, ainda não atingiram um nível de maturidade minimamente satisfatório).
O Pedro está diferente para comigo. Está mais simpático, mais interactivo, já não me olha de lado, pelo contrário. Agora ele sorri-me, olha-me nos olhos, trata-me bem - e até já me vi em situações em que tecia comentários a meu favor.

Por vezes, libertando o meu lado mais sensível e doce, deixo transparecer quem sou, através do olhar e da postura, e deixo que me veja. Outras vezes, e só com o intuito e com o desejo de provocação, olho-o nos olhos como quem cobiça um pedaço de chocolate. Ele olha-me de volta.
Eu sou tão estúpida que às vezes acho que tenho chances -haha- , mas noutras ocasiões chego a pensar que talvez não seja tanto assim.
Mas de facto, já aconteceram imensas vezes de eu perder a noção de onde estava, e comportar-me da forma mais natural que me é possível, deixando a vista de qualquer um a minha feminilidade, a minha doçura, e coisas por com isso relacionadas; quando dava por mim e olhava em roda, não é que me deparava ele a olhar-me com um ar completamente normal e sem qualquer tipo de malícia?
Aliás, por vezes parece-me que ele me aceita cada vez mais como eu sou, à medida que me vou libertando perante as pessoas, e mostrando o que de mais bonito há em mim.

Por vezes gostava de poder ler-lhe os pensamentos para saber o que pensa sobre mim. Gostava de saber se as minhas esperanças são fundamentadas, se ele não se sente incomodado com aquilo que eu sou de verdade.

Quem me dera ter certezas de uma oportunidade para o conquistar. Por mais difícil que me seja entregar o meu corpo ao contacto com as outras pessoas, por um abraço que seja, acho que não pensaria duas vezes em relação a lutar por ele.
Queria que me desse um sinal, como quem diz "Pode avançar!". Era tão mais fácil.

Mas quem quero eu enganar? Ele com certeza deve ter pena de mim, deve-me achar ridícula, estúpida, absurda. E eu que ainda sonho com ele. Idiota.

O meu rumo vai mudar, e daqui a uns anos, quem sabe, talvez no voltemos a cruzar.
Dessa vez, não vou deixar passar.