sábado, 26 de março de 2011

Família 1 - pai

Juro por tudo que, um dia que tenha a minha vida minimamente estabilizada, o meu "pai" nunca mais me vê à frente.
Estou tão farta desta vida ao lado dele, estou tão farta dele.

Nunca foi um pai como deve ser.  Nunca esteve do meu lado, nunca esteve presente na minha vida, nunca me deu valor. Sempre senti reprovação por parte dele, em tudo na vida.
E ainda me lembro daquela vez, quando era bem mais nova, em que, para lhe agradar, pedi que me inscrevesse no futebol. Preciso de dizer que foi um fiasco? Preciso de dizer que fui lá 1 ou 2 vezes e nunca mais lá pus os pés? Foi uma tentativa falhada! Mais que falhada!


- De resto, sempre me criticou. Quando joguei basket, dos 7 aos 10, a minha primeira actividade extra-curricular, até que não me reprovou. E foram provavelmente dos melhores anos da minha vida, adorava jogar basket. Aos 10 saí, tive medo de estar a progredir tão depressa.
- Cheguei a experimentar karaté durante umas semanitas, juntamente com o filho de um amigo do meu pai. Não fiquei muito tempo.
- Depois inscrevi-me juntamente com o meu pai num cursito de artesanato (só com madeira), onde só havia homens.
- Depois foi o tal desastre do futebol.
- Depois experimentei uns 6 mesitos de dança. Nunca fui completamente feliz porque nunca me foi permitido ser eu mesma. Mas mesmo assim, foi uma boa experiência.
- Depois fiz também 1 ano de natação. Gostei da experiência também, embora bastante constrangedora.

Sempre a querer descobrir novas coisas, sempre a tentar encontrar algo que me realizasse. E sempre sem grande apoio. Após a natação, não fiz mais nada. Procurei a dança outra vez mais tarde, já no 10º ano. Completamente sem o apoio dele, né.


Nunca me senti valorizada, nem por ser educada, nem por ter óptimas notas na escola, nem por saber fazer umas quantas coisas.
E ainda houve aquele período, a partir do 5º/6º ano, em que comecei a sofrer do bullying na escola (o qual ainda se mantém um pouco até hoje, no 12º). Ele, quando ouve falar de bullying na televisão fica todo revoltado ("coitadas das crianças!"), mas quando foi comigo, filha dele, ele nem soube, nem se preocupou. Nunca esteve perto de mim, nunca se preocupou comigo minimamente para perceber o quanto eu era infeliz, o quanto eu era reprimida e o quanto sofria.

E agora, que ele sabe o que eu tenho, agora que ele sabe o que está em jogo (e sabe-o há quase 2 anos), pouco ou nada se preocupa. Foi a 2 consultas com a minha psiquiatra, juntamente comigo e a minha mãe, porque ela fez pressão sobre ele. Mas fez uma pergunta à minha psiquiatra que me fez logo perceber quais as intenções dele. E sabem que mais? Eu estava totalmente certa! Ele nunca mais lá pôs os pés!! Acho incrível que não tenha capacidades para me ajudar, mas também não aproveite as ajudas que tem.


A verdade é que perdi a paciência. Dei-lhe o tempo que era necessário, dei-lhe o tempo que eu tinha disponível. Não aproveitou, problema dele.
Só sei que o odeio. Odeio mesmo, por pior que isto me faça sentir. Odeio-o cada vez mais, e só quero é nunca mais ter de olhar para a cara dele.

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Sou uma Rapariga Transexual, de 17 anos, numa luta pela sua identidade. Sou sensível, afectuosa, desprotegida, mas lutadora. A minha vida é feita de sonhos e esperanças, mas quero acreditar que um dia vou poder viver como qualquer outra pessoa. Quero acreditar que daqui por pouco tempo serei capaz de ME ser, por inteiro!

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