Decidi pensar e comentar um assunto que tem vindo a ser muito discutido, e sobre o qual já encontrei referências em vários blogs.
O assunto em questão é Shiloh, a filha de 3 anos (pensei que fossem 4) de Angelina Jolie e Brad Pitt, que de um momento para o outro surgiu com um visual completamente masculino. O cabelo super longo e loiríssimo foi "substituído" por um cabelo curto à rapaz, e as roupas femininas foram igualmente substituídas por roupas masculinas.
Então, ao que parece, a criança começou a rejeitar coisas de menina, e começou a "exigir" que a tratassem por "John" e não por "Shiloh", para além do visual que quis adoptar.
A questão que surge é se estarão os pais a fazer bem, ao permitir que tal aconteça, e ao "fazer as vontades" à criança.
Vejo muitas falas de gente que "não saberia o que fazer" caso isso acontecesse com um(a) filho/a seu. Não saberiam se o melhor seria permitir, ou contrariar e impedir que a criança se "confunda", ou se o melhor seria tão simplesmente "deixar passar" a "fase".
É assim, das duas, uma: ou isto é uma fase, o que é completamente normal, ou então não é uma fase mas sim um problema sério que precisa ser resolvido.
A criança está na fase da descoberta, do mundo e de si própria. Sabemos que este tipo de situações que envolvem "género" são naturais na infância. Se assim for, e se ninguém intervir, ela acabará por encontrar o seu caminho por ela própria, ao crescer. Ela irá seguir segundo aquilo que ela sentir, e irá viver segundo a forma como ela se vê a ela própria.
Caso não seja apenas uma "fase", caso esta situação se prolongue com o tempo, à medida que cresce, então a situação passa a ser um assunto mais sério, que merece ajuda profissional. Ninguém pode dizer assim à partida que Shiloh realmente tenha um problema, ou que seja só uma fase, isso só se poderá ver com o passar do tempo, e com as pistas que ela for dando durante o crescimento.
Não estou a dizer que ela seja Transexual. Não estou a dizer que ela na verdade seja um menino que nasceu com corpo de menina, não é isso. Tanto pode ser, como não ser.
E desengane-se quem pensar que "Aaah, e tal, ela só tem 3 anos, não pode ter consciência disso e bla bla bla!" . Okay, talvez 3 anos seja demasiado cedo, não sabemos. Mas eu, com 5 anos já tinha plena consciência que era uma menina. Portanto, não podemos afirmar nada com certeza.
Quanto ao que se deve fazer numa situação destas, é um assunto delicado, que deve ser visto não com uma extrema seriedade, até porque pode ser somente uma fase, mas deve ser tomado em consideração.
Não se deve contrariar nem proibir a criança, porque isso só vai resultar numa frustração enorme, e numa vivência por obrigação, e isso vai-se reflectir mais tarde na vida da pessoa. Se a criança for proibida, se for contrariada e obrigada pelos pais a assumir determinada postura, isso só vai resultar numa baixa auto-estima e em insegurança durante a adolescência (e falo por experiência própria também).
E temos de ser francos, não podemos ser egoístas e inconscientes ao ponto de anular completamente uma criança. Essa atitude é do mais animalesco que pode haver.
Também não se deve incentivar a criança. Deve-se manter uma postura neutra, deve-se acompanhar, deve-se dar à criança todas as hipóteses, todas as oportunidades de escolha, e vigiar sempre.
A criança deve sentir-se livre e deve ter consciência de todas as hipóteses que lhe surgem. Só assim ela conseguirá compreender as coisas, e encontrar-se a ela própria. E assim ela não terá de passar por problemas de maior quanto a essa questão.
Portanto, pais: no fim, tudo não passa de amor. Vocês amam os vossos filhos independentemente de eles serem meninos ou meninas. É difícil mudar a imagem que têm deles, mas basta que vocês ponham os vossos sonhos e desejos a um canto, e invistam no conhecimento dos vossos filhos. Se vocês se empenharem em conhecer os vossos filhos lá no fundo, enquanto pessoas, vão perceber que tenho razão.
PS: Porque será que há tantas situações em que quando os filhos se revelam às mães (principalmente a elas, mas também aos pais), mesmo a nível de orientação sexual, elas lhes respondem que "já sabia"? Talvez por já conhecerem os filhos a fundo ;)
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sábado, 3 de julho de 2010
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2 comentários:
O mundo anda a fazer disso um escândalo só por ser a filhinha dos Pitt.
Quantas meninas andam por aí que dizem que queriam ser meninos? Normalmente é só uma fase e passa. Pode não ser, mas pode ser.
Eu tenho imensos primos e quando éramos pequeninos eu era a única 'menina' porque até as minhas primas se vestiam como rapazes como os meus outros primos. Jogavam à bola e até eram confundidas com rapazes imensas vezes. Eram as chamadas 'maria-rapaz'. E nunca ninguem as obrigou a comportarem-se como umas meninas (excepto eu, que as obrigava a brincar às barbies comigo xP). Elas agora são super femininas porque foi apenas uma fase. E foram felizes! Do que valia contrariar? Nada... Só se anda a dar importância a isso porque é a Shiloh. Se alguém for as creches e anotar quantas meninas dizem que preferiam chamar-se 'João' vai ver que não são assim tão poucas. É a infância, não o fim do mundo. E se não for apenas uma fase, como aconteceu contigo, também qual é o problema? Deviam elogiar o comportamento dos Pitt, acho que, pelo que vejo, são uns pais fabulosos.
Hey! É verdade... tens razão.
Mas sabes, acho que até é bom que este assunto esteja a ser falado, porque assim as pessoas acabam por discutir o assunto e compreender como é que as coisas devem ser. Porque acredita, há muita gente que tenta impor à criança um comportamento, e que vai contra aquilo que a criança sente, e isso tem consequências para ela.
A Angelina e o Brad neste caso estão a servir de exemplo para aquilo que se deve fazer, eles estão a tomar exactamente a atitude que se deve tomar. É de louvar a atitude deles, que é fantástica.
Mas também, convenhamos que eles estão bem preparados para este tipo de assuntos:
- a Angelina é bissexual e além disso não tem qualquer preconceito;
- o Brad Pitt, segundo li algures, teve um amigo de infância que sofria do mesmo problema que eu, portanto também está sensibilizado para esse assunto.
Enfim, mas acho que é positiva esta divulgação do caso, é bom para abrir os olhos das pessoas.
Beijos **
PS: Obrigada por seguires! ;)
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