domingo, 25 de julho de 2010

Actualização III

Alô!

Eu sei, eu sei que ando desaparecida, que nunca mais disse nada, que sou uma miúda mal comportada e que mereço ficar de castigo (not!), mas é que ... pronto, não é por nada.
É sempre a mesma treta de sempre: altos e baixos a toda a hora. Eu juro que tento arranjar forças, eu tento mesmo manter-me à tona, mas volta e meia vou-me abaixo, e não consigo evitar isso.

Mas pronto, ao que realmente interessa.

FINALMENTE! Sim, finalmente marcaram-me a primeira consulta de Endocrinologia!! U-hu!!
Dia 27 de Agosto, aqui vou eu.
Nessa consulta, segundo sei, os médicos vão falar com os meus pais, vão pedir a autorização para eu iniciar o tratamento, e vão explicar o que irá acontecer comigo e quais as mudanças que se vão dar durante os tempos seguintes.
Devem também nessa consulta pedir-me uma série de exames, a partir dos quais irão criar um tratamento para mim.
Só a partir da 2ª ou 3ª consulta é que devo começar a tomar alguma coisa.
Espero que não demore muito para tal acontecer, espero mesmo. Mas como já se sabe, as coisas aqui andam ao passo de caracol.


Quanto aos meus pais, família e afins, só posso dizer que estou revoltada. Nunca estive tão revoltada como agora.
Nunca senti tanta incompreensão, tão pouca vontade para me ajudar.

A minha mãe ainda é a única que faz qualquer coisita, mas mesmo assim, tem atitudes que deixam muito a desejar. Sério, não vejo por onde é que a nossa relação poderá evoluir. Cada vez me afasto mais, cada vez descubro mais dela que preferia não saber. Ela mudou, e é uma pessoa cada vez mais feia.
Não é, nem nunca foi o meu modelo feminino. Agora que penso nisto, é verdade. Nunca a vi como um modelo a seguir, e agora muito menos.

Quanto à posição dela em relação ao assunto em questão, é basicamente assim: à primeira vista parece muito disposta a ajudar, parece que quer muito saber sobre o assunto e que compreende muito bem, mas vai-se a ver e não passa de uma mentira. Diz coisas bonitas à frente da médica, mas no dia-a-dia mostra o verdadeiro entusiasmo.

O meu pai, pensar nele dá-me uma volta enorme a tudo o que é órgão, é que já não é só ao estômago, é a todos!
Reagiu melhor do que esperávamos, quando lhe contámos. Verdade.
Foi a 2 consultas com a minha médica. Verdade.
Pareceu disposto a ajudar. Verdade.
É verdade também que, na 1ª consulta ele perguntou à médica se "caso um de nós (pai e mãe) não possa vir, é possível que só venha um?", ao que a Drª respondeu afirmativamente. Não conhecesse eu o pai que tenho, percebi logo que a ideia dele era nunca mais lá meter os pés.

Pois, nunca mais foi a nenhuma consulta. Aliás, se ele fosse a alguma, era por a minha mãe insistir.
Ele tem uma mentalidade retardada, um pensar pré-jurássico, e é ignorante (não no sentido pejorativo), é!
O que me deixa triste é que ele nem sequer queira informar-se sobre o assunto, e entender o que se passa comigo. Ele ignora completamente aquilo que a minha médica lhe disse sobre mim!
Isto para não falar da forma como ele me trata todos os dias.


Sinto-me completamente sozinha! Sinto que ninguém, para além das outras pessoas T que conheço, e que portanto sabem o que sinto, me entende!! E pior, sinto que ninguém me quer entender e/ou ajudar!
Não tenho uma palavra amiga, não tenho atenção, não tenho amor, não tenho carinho. E sinto tanto a falta disso! Chiça!

E agora que falo nisto, vem-me o António à cabeça.
Infelizmente apercebi-me que ele é como todos os outros rapazes: gosta (e muito) de raparigas. Raparigas fisicamente raparigas, digo. E tal como para toda a gente, eu não passo de um rapaz, muito estranho, uma criatura completamente incompreensível.
Embora a Jessica e mais alguém me tenham aconselhado a contar-lhe, e embora eu mesma quisesse, não o vou fazer. Estamos mais afastados que nunca, e eu já cheguei à conclusão que não vale a pena batalhar numa "amizade" que não me vai levar a lado nenhum.
Quero tirá-lo da minha cabeça! Quero tirá-lo definitivamente.


Por outro lado, nem tudo é negativo. 
Numa tentativa de melhorar a minha auto-estima e de mudar o meu dia-a-dia, decidi dedicar-me a mim mesma. Decidi lutar por mim, cuidar de mim, mimar-me, e descobrir o meu Eu.
Tenho vindo a tratar de mim fisicamente. O cabelo, a pele. Essas pequenas coisas que fazem a diferença. E estou a gostar!
Sabe bem sentir-me mais bonita, e acarinhar-me.
Os meus planos seguintes são melhorar a minha alimentação, estou entusiasmada e motivada para tal, e finalmente criar uma rotina de exercícios físicos, porque faz bem e porque me irá ajudar ao longo do tratamento.
Yeay! Viva!

Pronto, já escrevi imenso, desculpem @____@'
Resta-me dizer duas coisitas:
1º - Afinal não fui trabalhar para onde pensava ir, e agora estou sem trabalho. Ando à procura, mas acho que já tenho algo em vista ;)
2º - Um amigo meu, transexual FTM (o inverso de mim), decidiu levar a cabo um projecto. Ele decidiu escrever um livro em que dará a conhecer a realidade de uma pessoa transexual, relatando dificuldades, tristezas e obstáculos na nossa vida, sentimentos e por aí adiante. Para tal, ele contará com os relatos de vida de várias pessoas transexuais, com as suas auto-biografias, e convidou-me para participar. Algo que também me deixou bastante entusiasmada!

Pronto, é só!

Beijinhos a todes!! 

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Sou uma Rapariga Transexual, de 17 anos, numa luta pela sua identidade. Sou sensível, afectuosa, desprotegida, mas lutadora. A minha vida é feita de sonhos e esperanças, mas quero acreditar que um dia vou poder viver como qualquer outra pessoa. Quero acreditar que daqui por pouco tempo serei capaz de ME ser, por inteiro!

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