terça-feira, 30 de março de 2010

Gostar. Querer. Amar.

Saudações, meus caros!

Nos últimos dois dias, ou pouco mais, tenho andado a pensar na questão do amor, na questão de ter alguém ao meu lado que me proteja, que me ame, que de mim cuide.
A verdade é que sinto essa necessidade, sinto essa falta.
Sou uma miúda carente, sensível, desprotegida, à espera do príncipe que virá para me salvar.
Pena é eu saber que esse príncipe não virá. Ou então já virá tarde.

De que é que serve eu gostar do Pedro, ou de qualquer outro?
Serve apenas para manter aceso aquele fogo que há dentro de mim, serve só para me dar vida.
Infelizmente, por vezes, agarro-me demasiado à fantasia, e dou por mim a acreditar convictamente nas coisas.



No outro dia, ao separar duas vertentes da minha vida, apercebi-me de algo.
Dentro da minha imaginação há duas Andreias, duas versões que na verdade são a mesma Andreia, mas com percursos de vida diferentes:

  •  uma que sou eu, que passo por tudo isto e que só serei livre daqui por uns aninhos;
  • a outra que nasceu com o corpo certo, e que viveu a adolescência e toda a sua vida como a mulher que é.

Pois, quanto à primeira, é um pouco difícil eu imaginar o quer que seja. O meu futuro é meio incerto, não sei o que vou fazer, quando vou fazer, como vou fazer. Nem sequer consigo imaginar o que será de mim, e muito menos como será um dia em que os rapazitos comecem a olhar-me.

Quanto à segunda, no fundo, é apenas a projecção daquilo que eu queria ser, daquilo que eu queria viver. É a minha perfeição, é a vida que eu queria ter tido. E é nela que se insere o Pedro.

Não tenho esperança com o Pedro sendo eu como sou, agora. Ele vive apenas na minha ilusão, junto com a segunda versão da Andreia. Junto deles, mora tudo o que é impossível na minha vida.

Resumindo, acho que este é o pensamento que me vai fazer sofrer um pouquinho menos, e talvez me ajude a perder esta fixação que tenho por ele.

Gostar, hei-de gostar muito; querer, hei-de querer muito(s); amar, hei-de amar algum.
Isto, um dia, bem longe, em que tudo esteja estabilizado na minha vida, em que eu esteja livre de complexos e pronta para amar e ser amada.

Até lá, vou gostando.
Gostar é bom, é quente, é bonito.

2 comentários:

Pangéia on 31 de março de 2010 às 17:32 disse...

Seu dia chegará, rapariga, tenha paciência. (Embora um impaciente que luta contra tudo e contra todos como eu não seja a pessoa certa a lhe desejar paciência; porém, o que espero para meus amigos é o mesmo que espero para mim, que tudo dê certo nessa vida.)

Andreia on 1 de abril de 2010 às 22:51 disse...

Oi Pangéia! :)

Eu também prefiro acreditar que o meu dia chegará, um dia.
Também, se não fosse a crença, se não fosse a esperança, quem eramos nós?

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Sou uma Rapariga Transexual, de 17 anos, numa luta pela sua identidade. Sou sensível, afectuosa, desprotegida, mas lutadora. A minha vida é feita de sonhos e esperanças, mas quero acreditar que um dia vou poder viver como qualquer outra pessoa. Quero acreditar que daqui por pouco tempo serei capaz de ME ser, por inteiro!

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